Neste vídeo, o Dr. Ângelo Maiolino, Professor de Hematologia da UFRJ e Coordenador de Hematologia do Américas Oncologia do Rio de Janeiro, comenta os resultados de apresentações do estudo MonumenTAL-1, que demonstraram que o anticorpo biespecífico anti-GPRC5D e anti-CD3 se destaca como importante ferramenta terapêutica, oferecendo altas taxas de resposta em diferentes contextos e até mesmo manutenção da eficácia em estudos que avaliam uma possível redução de dose para manejo de eventos adversos, contribuindo para melhora/resolução de toxicidades. Acesse e confira na íntegra!
Um dos grandes desafios do tratamento do Mieloma Múltiplo (MM) são as constantes recaídas da doença. Pacientes recidivados ou refratários aos tratamentos padrões atuais (inibidor de proteassoma, imunomodulador ou anticorpo monoclonal anti-CD38) têm um prognóstico ruim, com taxas de resposta de 31,9% e mediana de sobrevida global (SG) de 13,8 meses. Ainda que novos tratamentos venham surgindo, os pacientes continuam a experienciar recaídas, o que reforça a contínua necessidade por tratamentos mais eficazes e que reduzam as taxas de reincidência da doença.
Um dos tratamentos propostos é o talquetamabe, um anticorpo biespecífico anti-GPRC5D e anti-CD3 que permite recrutamento e direcionamento de linfócitos T para a eliminação de células do mieloma. No ASH|Annual Meeting & Exposition 2023, alguns estudos de alta relevância abordam o talquetamabe no tratamento de pacientes com MM Recidivado ou Refratário (MMRR).
Ajai Chari e demais investigadores apresentaram avaliação de eficácia e segurança nos pacientes que precisaram alterar o tratamento para uma menor frequência ou redução de dose de talquetamabe. 45 pacientes realizaram redução da intensidade da dose e no geral, essa mudança se deu durante os ciclos 3-5. Após mudança de dose, observou-se aprofundamento de resposta em 11/19 pacientes, manutenção de resposta em 5/19 e apenas 3/19 pacientes apresentaram progressão da doença. 6 meses após a mudança, 88,9% mantiveram a resposta. Com relação a incidência das toxicidades que levaram a alteração de dose e/ou frequência do tratamento, observou-se melhora ou resolução progressiva mediante redução da dose ou da frequência. Conjuntamente, observa-se que a redução da intensidade de dose permitiu aprofundamento ou manutenção da resposta atrelada a uma redução de toxicidades, reforçando a necessidade de novas análises para elucidar o impacto dessa redução em outros desfechos clínicos.
Outro resultado do MonumenTAL-1, apresentado por Larysa Sanchez, foram os desfechos de pacientes que receberam terapias anti-mieloma subsequentemente ao talquetamabe. No geral, 135 pacientes receberam ao menos uma terapia pós talquetamabe, destacando-se entre todas as linhas subsequentes, a taxa de resposta objetiva de 66,7% daqueles pacientes que seguiram o tratamento com CAR-T. No geral, os pacientes que descontinuaram o talquetamabe foram eficientemente tratados em linhas subsequentes, com destaque expressivo para as terapias redirecionadoras de células T, demonstrando uma potencial sequência terapêutica.
As altas taxas de resposta observadas com o Talquetamabe, tanto antes como após o tratamento com células CAR-T, ressaltam sua versatilidade e eficácia no tratamento de pacientes com Mieloma Múltiplo Recidivado ou Refratário. Adicionalmente, a redução de dose pode ser empregada como uma estratégia eficaz para gerenciar, quando necessários, os eventos adversos específicos associados ao tratamento.