Diretamente do “A Year in Review in Cardiology”, Dr. João Salles¹ discute os resultados mais relevantes do estudo FLOW e traz uma reflexão sobre o que podemos esperar, em um futuro próximo, para o tratamento da doença renal crônica em pacientes com diabetes. Acesse e confira na íntegra!
- Professor de Endocrinologia da FCMSCSP, Diretor do Departamento de Clínica Médica da Santa Casa de São Paulo, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e Coordenador Científico de Endocrionologia da Med.IQ.
O estudo FLOW¹ é um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, que avaliou a eficácia da semaglutida subcutânea 1,0 mg em comparação ao placebo, como adjuvante ao tratamento padrão, para desfechos renais em pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) e doença renal crônica (DRC). O desfecho primário foi composto por eventos de doença renal maior, fatores combinados de início de insuficiência renal, redução de pelo menos 50% na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ou morte por causas renais ou cardiovasculares.
No final de 2023, a análise dos desfechos renais do estudo FLOW foi interrompida devido à obtenção de evidências preliminares robustas quanto à eficácia da semaglutida no atraso da progressão da DRC e na redução do risco de mortalidade renal e cardiovascular². O risco de evento de desfecho primário foi 24% menor no grupo semaglutida, com razão de risco (HR) de 0,76 (IC 95%: 0,66–0,88; P=0,0003), e os resultados para todos os desfechos secundários confirmatórios também favoreceram a semaglutida, com redução de 18% do risco de eventos cardiovasculares, HR=0,82 (IC 95%: 0,68–0,98; P = 0,029), e de 20% do risco de morte por qualquer causa HR= 0,80 (IC 95%: 0,67–0,95; P = 0,01).
Dr. Salles comenta que o uso de inibidores de SGLT-2 para tratamento da doença renal diabética demonstra benefícios cada vez robustos e aposta que, em breve, a associação com análogos de GLP-1, bloqueadores do sistema renina-angiotensina e finerenona poderá potencializar a prevenção de desfechos renais.