Controle da obesidade e manejo da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP): o papel da semaglutida na redução de desfechos cardiovasculares - MDHealth - Educação Médica Independente
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Controle da obesidade e manejo da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP): o papel da semaglutida na redução de desfechos cardiovasculares

Escrito por: Plataforma Med.IQ em 19 de fevereiro de 2025

2 min de leitura

Diretamente do “A Year in Review in Cardiology”, Dr. Pedro Barros¹ e Dr. Remo Furtado² discutem o impacto do tratamento da obesidade no manejo da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, destacando os benefícios cardiovasculares da semaglutida, além da redução do peso corporal. Acesse e confira na íntegra!

1: Médico Cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica do Med.IQ Academy  

2: Médico Cardiologista, Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy e Diretor de Pesquisa do BCRI 

 

O tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) é um tópico desafiador no universo da cardiologia, uma vez que intervenções consagradas na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), incluindo inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA), betabloqueadores e antagonistas do receptor de mineralocorticoides, não demonstraram eficácia consistente em ensaios clínicos voltados para pacientes com ICFEP. 

Encontrar a terapia adequada é um processo complexo porque os pacientes com ICFEP têm perfis heterogêneos, sendo que a maioria possui sobrepeso ou obesidade. Recentemente, o estudo STEP-HFpEF¹ demonstrou que a semaglutida, um agonista do GLP1, foi capaz de reduzir biomarcadores como NT-proBNP, sugerindo que seus efeitos terapêuticos vão além da perda de peso e impactam diretamente a fisiopatologia da insuficiência cardíaca nesse perfil de pacientes.  

Adicionalmente, o estudo SELECT² reforçou esses achados, demonstrando que a semaglutida reduziu eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade, sem diabetes, com ou sem histórico de insuficiência cardíaca clínica. Essas evidências demonstram que a incorporação de medicamentos para obesidade nas diretrizes brasileiras de cardiologia é uma realidade emergente. Dr. Pedro Barros ressalta que as diretrizes europeias de 2024 para o manejo de síndrome coronária crônica (SCC)³ já recomendam o uso da semaglutida, destacando sua eficácia na redução de eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade e alto risco.  

Essa abordagem multidisciplinar, que considera tanto a insuficiência cardíaca quanto os fatores de risco metabólicos, como a obesidade, se revela crucial para um tratamento otimizado dos pacientes, promovendo não somente a redução dos desfechos cardiovasculares, como a melhora da qualidade de vida.  

Referências

  1. Kosiborod, M. N. et al. Semaglutide in Patients with Heart Failure with Preserved Ejection Fraction and Obesity, 2023. New England Journal of Medicine (P 1069-1084, V 389, N 12) https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2306963 

  2. Lincoff, A. M. et al. Semaglutide and Cardiovascular Outcomes in Obesity without Diabetes, 2023. New England Journal of Medicine (2221-2232, V 389, N 24) https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2307563 

  3. Vrints, C. et al. ESC Scientific Document Group, 2024 ESC Guidelines for the management of chronic coronary syndromes: Developed by the task force for the management of chronic coronary syndromes of the European Society of Cardiology (ESC) Endorsed by the European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS), European Heart Journal, Volume 45, Issue 36, 21 September 2024, Pages 3415–3537, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehae177 

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