Diretamente do “A Year in Review in Cardiology”, Dr. Pedro Barros¹ e Dr. Remo Furtado² discutem o impacto do tratamento da obesidade no manejo da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, destacando os benefícios cardiovasculares da semaglutida, além da redução do peso corporal. Acesse e confira na íntegra!
1: Médico Cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica do Med.IQ Academy
2: Médico Cardiologista, Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy e Diretor de Pesquisa do BCRI
O tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) é um tópico desafiador no universo da cardiologia, uma vez que intervenções consagradas na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), incluindo inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA), betabloqueadores e antagonistas do receptor de mineralocorticoides, não demonstraram eficácia consistente em ensaios clínicos voltados para pacientes com ICFEP.
Encontrar a terapia adequada é um processo complexo porque os pacientes com ICFEP têm perfis heterogêneos, sendo que a maioria possui sobrepeso ou obesidade. Recentemente, o estudo STEP-HFpEF¹ demonstrou que a semaglutida, um agonista do GLP1, foi capaz de reduzir biomarcadores como NT-proBNP, sugerindo que seus efeitos terapêuticos vão além da perda de peso e impactam diretamente a fisiopatologia da insuficiência cardíaca nesse perfil de pacientes.
Adicionalmente, o estudo SELECT² reforçou esses achados, demonstrando que a semaglutida reduziu eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade, sem diabetes, com ou sem histórico de insuficiência cardíaca clínica. Essas evidências demonstram que a incorporação de medicamentos para obesidade nas diretrizes brasileiras de cardiologia é uma realidade emergente. Dr. Pedro Barros ressalta que as diretrizes europeias de 2024 para o manejo de síndrome coronária crônica (SCC)³ já recomendam o uso da semaglutida, destacando sua eficácia na redução de eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade e alto risco.
Essa abordagem multidisciplinar, que considera tanto a insuficiência cardíaca quanto os fatores de risco metabólicos, como a obesidade, se revela crucial para um tratamento otimizado dos pacientes, promovendo não somente a redução dos desfechos cardiovasculares, como a melhora da qualidade de vida.