Risco Residual na Doença Aterosclerótica: o papel da inflamação e novas perspectivas terapêuticas - MDHealth - Educação Médica Independente
sexta-feira fev 21, 2025

Risco Residual na Doença Aterosclerótica: o papel da inflamação e novas perspectivas terapêuticas

Escrito por: Plataforma Med.IQ em 21 de fevereiro de 2025

2 min de leitura

Diretamente do “A Year in Review in Cardiology”, Dr. Pedro Barros¹ e Dr. Remo Furtado² abordam o desafio do risco cardiovascular residual em pacientes com doença aterosclerótica e trazem reflexões sobre como uma abordagem integralizada pode beneficiar esses pacientes. Acesse e confira na íntegra!
1: Médico Cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica do Med.IQ Academy  

2: Médico Cardiologista, Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy e Diretor de Pesquisa do BCRI 

 

A abordagem tradicional da doença aterosclerótica se concentra principalmente no controle de fatores de risco como pressão arterial e níveis de LDL. No entanto, apesar do controle rigoroso desses fatores, permanece um risco cardiovascular residual que pode ser relacionado, em parte, à inflamação crônica subjacente. Nesse cenário, a proteína C reativa (PCR) ultrassensível, um marcador inflamatório, tem mostrado um papel importante. 

Estudos indicam que níveis elevados de PCR (acima de 2 mg/L) podem ter um efeito similar ao de níveis elevados de LDL, tornando-se um fator de risco independente para eventos cardiovasculares¹. Por isso, os especialistas apostam que o futuro do tratamento cardiovascular pode envolver, além do controle rigoroso de LDL e pressão arterial, uma meta específica para PCR, com a introdução de terapias anti-inflamatórias. 

Os agonistas de GLP-1, como a semaglutida, têm se destacado por promoverem, além da perda de peso em pacientes com alto risco cardiovascular, redução de marcadores inflamatórios, reforçando o benefício cardiovascular adicional. O estudo STEP-HFpEF² exemplifica essa eficácia, já que demonstrou uma redução significativa dos níveis de PCR em pacientes tratados com semaglutida, sugerindo que a redução da inflamação pode ser um componente importante na mitigação do risco cardiovascular residual. 

A introdução de terapias anti-inflamatórias como uso de colchicina e agonistas de GLP-1 pode representar avanços importantes para a prevenção de eventos adversos em pacientes com doença aterosclerótica, visando uma abordagem mais abrangente e personalizada do risco cardiovascular. 

Referências

  1. Lima, T. R. d., Silva, D. A. S., Giehl, M. W. C., d’Orsi, E., & González‐Chica, D. A. (2021). Agrupamentos de fatores de risco cardiometabólicos e sua associação com aterosclerose e inflamação crônica em adultos e idosos em florianópolis, sul do brasil. Arquivos Brasileiros De Cardiologia, 117(1), 39-48. https://doi.org/10.36660/abc.20200230 

  2. Kosiborod, M. N. et al. Semaglutide in Patients with Heart Failure with Preserved Ejection Fraction and Obesity, 2023. New England Journal of Medicine (P 1069-1084, V 389, N 12) https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2306963