Diretamente do “A Year in Review in Cardiology”, Dr. Pedro Barros¹ e Dr. Remo Furtado² abordam o desafio do risco cardiovascular residual em pacientes com doença aterosclerótica e trazem reflexões sobre como uma abordagem integralizada pode beneficiar esses pacientes. Acesse e confira na íntegra!
1: Médico Cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica do Med.IQ Academy
2: Médico Cardiologista, Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy e Diretor de Pesquisa do BCRI
A abordagem tradicional da doença aterosclerótica se concentra principalmente no controle de fatores de risco como pressão arterial e níveis de LDL. No entanto, apesar do controle rigoroso desses fatores, permanece um risco cardiovascular residual que pode ser relacionado, em parte, à inflamação crônica subjacente. Nesse cenário, a proteína C reativa (PCR) ultrassensível, um marcador inflamatório, tem mostrado um papel importante.
Estudos indicam que níveis elevados de PCR (acima de 2 mg/L) podem ter um efeito similar ao de níveis elevados de LDL, tornando-se um fator de risco independente para eventos cardiovasculares¹. Por isso, os especialistas apostam que o futuro do tratamento cardiovascular pode envolver, além do controle rigoroso de LDL e pressão arterial, uma meta específica para PCR, com a introdução de terapias anti-inflamatórias.
Os agonistas de GLP-1, como a semaglutida, têm se destacado por promoverem, além da perda de peso em pacientes com alto risco cardiovascular, redução de marcadores inflamatórios, reforçando o benefício cardiovascular adicional. O estudo STEP-HFpEF² exemplifica essa eficácia, já que demonstrou uma redução significativa dos níveis de PCR em pacientes tratados com semaglutida, sugerindo que a redução da inflamação pode ser um componente importante na mitigação do risco cardiovascular residual.
A introdução de terapias anti-inflamatórias como uso de colchicina e agonistas de GLP-1 pode representar avanços importantes para a prevenção de eventos adversos em pacientes com doença aterosclerótica, visando uma abordagem mais abrangente e personalizada do risco cardiovascular.