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O poder da música em pacientes com demência 

Escrito por: Isadora Wasserstein Anghinah em 18 de março de 2022

3 min de leitura

Matéria publicada na revista “Brain & Life”, por Gina Shaw, apresenta um ensaio sobre como a música pode ser revolucionária para a memória em casos de demência  

A música é algo revolucionário em diversos fenômenos neurológicos, sendo muito explorada pelos neurologistas. Oliver Sacks relata em seu livro que a música fica nos gânglios da base e cerebelo, áreas raramente afetadas por AVC, e é como se fosse um tesouro escondido dentro do cérebro  

Existem vários relatos de pacientes com demência que são incapazes de falar,  porém conseguem cantar. O caso de Tony Bennett é um deles. Tony é um cantor com mais de 70 anos de carreira, que foi diagnosticado com doença de Alzheimer (DA). Bennett continuou praticando o canto com suas músicas diariamente e mesmo já tendo sido diagnosticado com DA, há 5 anos, conseguiu apresentar um show ao lado de Lady Gaga.  

A música em todas as suas formas desperta, estimula e organiza diversas áreas do cérebro. Estudos de imagem mostraram que existe uma área de convergência no córtex pré-frontal medial – a região que guarda e recupera memórias. Segundo alguns estudos, esta região é muito ativada quando ouvimos alguma música importante para nós.  

Músicas que possuem um componente emocional forte, remetendo a pessoas, lugares e épocas, fazem com que as pessoas as escutem muitas vezes ao longo da vida, o que só reforça o processo de memória. 

Um estudo publicado na Brain em 2015, comparou exames de imagem de pessoas saudáveis e de pessoas com DA, e foi observado que a área na qual a música é processada é muito semelhante nos dois pacientes, sendo no paciente com DA com poucos danos. 

Outros estudos demonstram que os caminhos da memória visual e da linguagem vão sendo lesados logo no começo do desenvolvimento da doença, entretanto programas musicais personalizados podem manter o cérebro ativo, especialmente para aqueles pacientes que estão perdendo o contato com o seu redor.  

A criação do programa Música e Memória (Music & Memory, Mineola, NY) é uma prova disso. Eles criaram listas de reprodução para serem tocadas em casas de repouso, comprovando que a música diminui o uso de remédios para ansiedade, antipsicóticos e antidepressivos, entre os moradores, além de diminuir comportamentos agressivos e sintomas depressivos. 

Sabendo que a música é tão poderosa para pessoas com demência, para tirar melhor proveito dela é recomendado seguir alguns padrões: 

  • Tornar pessoal: escolha uma música que teve um significado importante entre a faixa dos 10 a 30 anos;  
  • Interação: não basta só colocar a música, é preciso interagir com ela, ou seja, cantar, bater palma, bater os pés, dançar entre outros; 
  • Incorporar na rotina: tente colocar a música várias vezes na semana, mas cuidado para não saturar. 

Referência

  1. “Tony Bennett Demonstrates the Power of Music Against Alzheimer’s Disease” and “How Music Affects Memory in Those with Dementia” by Gina Shawn, Brain&Life, 2022. 

Sobre o autor

Isadora Wasserstein Anghinah

Acadêmico de Medicina da UniNove. Iniciação científica – com supervisão de Dr. Renato Anghinah (CRM 67144)

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