ACC 2025 | FAME 3 trial: Resultados de 5 anos comparam ICP guiada por FFR e CRM em doença arterial coronariana - MDHealth - Educação Médica Independente
quinta-feira abr 10, 2025

ACC 2025 | FAME 3 trial: Resultados de 5 anos comparam ICP guiada por FFR e CRM em doença arterial coronariana

Escrito por: Plataforma Med.IQ em 10 de abril de 2025

3 min de leitura

Dr. Michael Gibson* e Dr. Joo-Yong Hah # os achados de 5 anos do estudo FAME 3. Os dados deste estudo oferecem insights valiosos sobre a eficácia da intervenção coronariana percutânea (ICP) guiada por reserva de fluxo fracionado (FFR) em comparação com a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) em pacientes com doença arterial coronariana. Para mais detalhes, acesse o link e confira o conteúdo completo! 

* Médico Cardiologista Intervencionista, Criador do site clinicaltrialresults.org, Fundador do WikiDoc.org e WikiPatient.org e Correspondente Médico-Chefe do American College of Cardiology 

#Médico Cardiologista Intervencionista, Professor da Stanford Medicine, Editor Associado do Journal of the American College of Cardiology, Circulation, e JACC Cardiovascular Interventions 

 

Com os avanços nas técnicas de revascularização e na terapia medicamentosa otimizada, os desfechos de longo prazo após intervenção coronariana percutânea (ICP) ou cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) vêm sendo reavaliados. A análise final pré-especificada do estudo FAME 31 (Fractional Flow Reserve versus Angiography for Multivessel Evaluation), apresentada pelo Dr. William Fearon no ACC 2025, teve como objetivo comparar a efetividade dessas estratégias em pacientes com doença arterial coronariana triarterial, sem envolvimento do tronco da coronária esquerda. 

O estudo multicêntrico, randomizado e aberto incluiu 1.500 pacientes recrutados em 48 centros da Europa, América do Norte, Austrália e Ásia. A maioria dos participantes apresentava características clínicas complexas, incluindo cerca de 30% com diabetes, 40% com síndrome coronariana estável, 20% com oclusão total crônica (CTO) e dois terços com lesões em bifurcação. O escore SYNTAX médio foi de 26, semelhante ao estudo SYNTAX original. Mais de 90% dos pacientes faziam uso de estatinas e antiagregantes, e mais de 70% estavam em betabloqueadores e inibidores da ECA ou bloqueadores do receptor de angiotensina. 

A análise dos desfechos clínicos duros após cinco anos — morte, infarto do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC) — não mostrou diferença estatisticamente significativa entre ICP guiada por reserva de fluxo fracionado (FFR) e CRM (16,0% versus 14,1%; hazard ratio 1,16; IC 95% 0,89–1,52; p=0,27). Uma análise de landmark revelou que não houve acúmulo progressivo de benefício com a CRM após o primeiro ano, com curvas de eventos paralelas até o quinto ano. 

Os desfechos secundários mostraram mortalidade total idêntica entre os grupos (7,2%), uma taxa discretamente menor de AVC na ICP (1,5% versus 2,4%; sem significância estatística) e uma maior incidência de IAM no grupo ICP (8,0% versus 5,1%; HR 1,57; IC 95%: 1,04–2,36). A necessidade de nova revascularização foi significativamente maior no grupo ICP (16,1% versus 8,0%). 

Esses dados reforçam que, em uma população tratada com stents farmacológicos de última geração, ICP guiada por FFR e terapia médica otimizada pode oferecer resultados semelhantes à CRM em termos de eventos cardiovasculares maiores. Embora a CRM ainda se destaque pela menor taxa de infarto e necessidade de reintervenção, a escolha da estratégia deve ser individualizada com base no perfil anatômico, risco clínico e preferências do paciente. O estudo também destaca a importância da definição de infarto utilizada, que pode impactar significativamente na interpretação dos desfechos comparativos entre as estratégias. 

Referência

  1. Fearon WF, Zimmermann FM , Ding VY, Takahashi K, Piroth Z, van Straten AHM, et al. Outcomes after fractional flow reserve-guided percutaneous coronary intervention versus coronary artery bypass grafting (FAME 3): 5-year follow-up of a multicentre, open-label, randomised trial. The Lancet. 2025 March 30. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(25)00505-7/abstract. Acesso em: 08/04/2025.