Dr. Michael Gibson* entrevista a Dr. Saibal Kar# para discutir os desfechos de 2 anos do estudo TRILUMINATE, apresentados no ACC 2025, que avaliou o reparo transcateter borda a borda para insuficiência tricúspide grave sintomática. Para mais detalhes, acesse o link e confira o conteúdo completo!
*Médico Cardiologista Intervencionista, Criador do site clinicaltrialresults.org, Fundador do WikiDoc.org e WikiPatient.org e Correspondente Médico-Chefe do American College of Cardiology
#Médico Cardiologista Intervencionista, Professor na UCLA e Diretor de Pesquisas Clínicas no Los Robles Health System
O estudo TRILUMINATE Pivotal foi um ensaio clínico randomizado, controlado e multicêntrico que avaliou a segurança e eficácia do reparo transcateter borda a borda (TEER), com o dispositivo TriClip, em pacientes com insuficiência tricúspide (IT) grave sintomática. Foram incluídos 572 pacientes em 68 centros de cinco países, randomizados para TEER + terapia médica ou terapia médica isolada. Após um ano, pacientes do grupo controle com sintomas persistentes e IT grave puderam ser transferidos para o grupo de intervenção.
A análise de dois anos demonstrou que a estratégia com TEER foi associada a uma redução significativa na taxa de hospitalizações por insuficiência cardíaca (IC): 0,19 vs. 0,26 eventos por paciente-ano, com hazard ratio (HR) de 0,72 (p=0,02), sendo que essa diferença se tornou evidente após o primeiro ano de seguimento. Além disso, 84% dos pacientes no grupo TEER apresentavam IT aos 2 anos, demonstrando manutenção da eficácia anatômica do procedimento.
Em relação ao desfecho composto de sobrevida livre de mortalidade, cirurgia tricúspide ou reintervenção tricúspide, o grupo TEER também se destacou: 77,6% no grupo TEER versus 29,3% no controle (p<0,0001), diferença potencializada pela alta taxa de reintervenção no grupo controle (61,5%).
Embora não tenha ocorrido diferença na mortalidade total ou cardiovascular entre os grupos aos dois anos (17,9% no TEER vs. 17,1% no controle), a análise dos pacientes que foram transferidos do controle para o TEER mostrou que esse subgrupo era mais sintomático, com maior prevalência de IT torrencial (65% vs. 50%) e maior uso de diuréticos. Após a troca, esses pacientes também apresentaram melhora significativa na qualidade de vida (aumento médio de 12,8 pontos no KCCQ) e redução da gravidade da IT para moderada ou menor em 81% dos casos.
Adicionalmente, o procedimento demonstrou um bom perfil de segurança, com baixas taxas de eventos adversos em dois anos, incluindo acidente vascular cerebral (1,9%), bloqueios de condução com necessidade de marca-passo (5,5%), ausência de trombose ou embolização do dispositivo, e taxa de eventos adversos maiores em apenas 1,4% dos pacientes crossover.
Os resultados indicam que o tratamento da IT com TEER proporciona melhora clínica sustentada, com redução nas hospitalizações por IC e manutenção dos ganhos em qualidade de vida, sendo uma alternativa segura e eficaz à terapia médica isolada. A segurança e o benefício observados mesmo em pacientes que cruzaram do grupo controle reforçam a viabilidade do procedimento em fases mais avançadas da doença. O acompanhamento de longo prazo (3 e 5 anos) buscará esclarecer a durabilidade do reparo e o impacto prognóstico a longo prazo.