Direto de Chicago, no ACC 2025, o Dr. Pedro Barros traz os principais insights de quatro estudos de destaque em cardiologia intervencionista, apresentados na sessão do dia 30/03. Para mais detalhes, acesse o link e confira o conteúdo completo!
* Médico Cardiologista, Senior Trialist do BCRI e Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy
No segundo dia do ACC2025, a segunda sessão de Late Breaking Clinical Trials foi dedicada à cardiologia intervencionista. O Dr. Pedro Barros resumiu os resultados de quatro estudos que abordaram desde o uso de dispositivos para prevenção de AVC em TAV até estratégias de otimização em angioplastia.
O primeiro estudo, PROTECT-TAVI¹, avaliou o uso de dispositivos de proteção cerebral em pacientes submetidos à terapia transcateter da valva aórtica (, com o objetivo de reduzir o risco de acidente vascular cerebral. Com mais de 7 mil pacientes, o estudo não demonstrou benefício do uso sistemático do dispositivo. No entanto, foi levantada a hipótese de que populações de maior risco, com posicionamento sistemático e correto do dispositivo, poderiam se beneficiar. Uma meta-análise está em andamento para explorar essa possibilidade.
O segundo estudo, ALIGN-AR², abordou uma coorte de 500 pacientes com regurgitação aórtica isolada, condição em que muitos pacientes não são elegíveis para cirurgia convencional. Nesses casos, o uso de TAV é considerado off-label e apresenta maiores riscos de complicações. Foram testados dispositivos específicos para regurgitação aórtica, e os resultados mostraram evolução clínica favorável e sucesso hemodinâmico, com base na comparação com controles históricos. Os pesquisadores pretendem agora migrar para um ensaio clínico randomizado, incluindo pacientes de menor risco cirúrgico, uma vez que a coorte atual envolvia predominantemente pacientes de alto risco.
O terceiro estudo, Low Risk Trial³, apresentou o seguimento de 5 anos de pacientes com estenose aórtica e baixo risco cirúrgico que foram tratados com TAV. Os resultados ao longo do tempo permaneceram consistentes com as publicações anteriores, mostrando que a TAV continua sendo uma alternativa válida e eficaz em pacientes com baixo risco pelos escores tradicionais.
Por fim, o estudo FLAVOUR II⁴, conduzido na China, avaliou o uso da reserva de fluxo fracionada por angiografia (angio-FFR) como ferramenta para indicação e otimização da angioplastia, em comparação com o ultrassom intracoronário, considerado o padrão atual. O estudo foi desenhado como um ensaio de não inferioridade e demonstrou que a angio-FFR foi não inferior ao ultrassom intracoronário para os desfechos clínicos analisados. No entanto, o Dr. Pedro ressaltou que, embora a angio-FFR represente uma opção pragmática – especialmente em contextos em que o uso de imagem intracoronária é limitado –, ela não oferece o mesmo nível de precisão anatômica, o que pode impactar a detecção de placas extensas ou subexpansão de stents. Ainda assim, o estudo representa um avanço importante para a prática clínica real, ao propor uma estratégia mais acessível para avaliação e otimização das intervenções coronárias percutâneas.
A sessão reforçou que, embora nem todos os dados sejam conclusivos, os estudos trazem informações valiosas que orientam condutas e expandem as opções terapêuticas em diferentes contextos da cardiologia intervencionista.
A análise completa de cada um desses estudos será aprofundada ao longo do congresso e na LIVE pós-ACC 2025, que será transmitida no nosso canal. Acompanhe a cobertura em tempo real pelo grupo CardioUpdate, na Med.IQ, o conhecimento vem direto da fonte.