Oceanic-AF: lições aprendidas do primeiro estudo fase 3 com uma nova classe de anticoagulantes - MDHealth - Educação Médica Independente
quarta-feira dez 18, 2024

Oceanic-AF: lições aprendidas do primeiro estudo fase 3 com uma nova classe de anticoagulantes

Escrito por: Pedro G. M. de Barros e Silva, MD, MHS, PhD, FACP, FESC em 1 de setembro de 2024

2 min de leitura

Diretamente de Londres, no ESC 2024, o Dr. Pedro Barros, cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy, e Dr. Renato Lopes, Professor da Duke University, Fundador do BCRI e líder do estudo OCEANIC- AF, comentam sobre o estudo OCEANIC-AF que avaliou o efeito de asundexian, um inibidor de fator XI ativado, na prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial. Para mais detalhes, acesse o link e confira o conteúdo completo! 

Uma nova classe de anticoagulantes, os inibidores de fator XI ativado, apresenta uma fisiopatologia inovadora: a capacidade de impedir a formação de trombos patológicos sem interferir na formação de trombos benignos, permitindo que a hemostasia natural ocorra normalmente. Esta hipótese é baseada na observação de que pacientes com hemofilia C, uma condição caracterizada pela deficiência do fator XI, apresentam uma menor incidência de eventos cardiovasculares sem o desenvolvimento de sangramentos intra-articulares, que são comumente observados em outros tipos de hemofilia. Essa abordagem visa desacoplar o risco de trombose do risco de sangramento, representando uma quebra de paradigma no cenário da anticoagulação. 

No estudo OCEANIC-AF, pacientes com fibrilação atrial (FA) foram randomizados em dois grupos: um recebendo tratamento com asundexian e o outro com apixabana. Os desfechos avaliados incluíram acidente vascular cerebral (AVC), embolia sistêmica e sangramento. Contudo, o estudo foi interrompido devido à inferioridade do asundexian em comparação com a apixabana na prevenção de AVC. 

Uma análise interessante entre subgrupos de pacientes, anticoagulante naive (sem uso prévio de anticoagulantes) e experientes (com uso prévio de anticoagulantes), demonstrou que a inferioridade do asundexian em relação à apixabana foi mais pronunciada entre os pacientes com experiência prévia no uso de anticoagulantes. 

Algumas hipóteses foram levantadas para explicar por que o asundexian demonstrou resultados inferiores em comparação com a apixabana, incluindo questões relacionadas à dose, ao período e à forma de administração, o que abre espaço para a realização de novos estudos para explorar essas variáveis e aprofundar o entendimento sobre o papel dos inibidores de fator XI ativado na anticoagulação. 

Referência

  1. Piccini, J. P., Patel, M. P., Steffel, J. Asundexian versus Apixaban in Patients with Atrial Fibrillation. This article was publishedon September 1, 2024. The New England Journal of Medicine. DOI: 10.1056/NEJMoa2407105 

Sobre o autor

Pedro G. M. de Barros e Silva, MD, MHS, PhD, FACP, FESC

Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Galen Academy

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