Diretamente de Londres, no ESC 2024, o Dr. Pedro Barros, cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy, e Dr. Renato Lopes, Professor da Duke University, Fundador do BCRI e líder do estudo OCEANIC- AF, comentam sobre o estudo OCEANIC-AF que avaliou o efeito de asundexian, um inibidor de fator XI ativado, na prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial. Para mais detalhes, acesse o link e confira o conteúdo completo!
Uma nova classe de anticoagulantes, os inibidores de fator XI ativado, apresenta uma fisiopatologia inovadora: a capacidade de impedir a formação de trombos patológicos sem interferir na formação de trombos benignos, permitindo que a hemostasia natural ocorra normalmente. Esta hipótese é baseada na observação de que pacientes com hemofilia C, uma condição caracterizada pela deficiência do fator XI, apresentam uma menor incidência de eventos cardiovasculares sem o desenvolvimento de sangramentos intra-articulares, que são comumente observados em outros tipos de hemofilia. Essa abordagem visa desacoplar o risco de trombose do risco de sangramento, representando uma quebra de paradigma no cenário da anticoagulação.
No estudo OCEANIC-AF, pacientes com fibrilação atrial (FA) foram randomizados em dois grupos: um recebendo tratamento com asundexian e o outro com apixabana. Os desfechos avaliados incluíram acidente vascular cerebral (AVC), embolia sistêmica e sangramento. Contudo, o estudo foi interrompido devido à inferioridade do asundexian em comparação com a apixabana na prevenção de AVC.
Uma análise interessante entre subgrupos de pacientes, anticoagulante naive (sem uso prévio de anticoagulantes) e experientes (com uso prévio de anticoagulantes), demonstrou que a inferioridade do asundexian em relação à apixabana foi mais pronunciada entre os pacientes com experiência prévia no uso de anticoagulantes.
Algumas hipóteses foram levantadas para explicar por que o asundexian demonstrou resultados inferiores em comparação com a apixabana, incluindo questões relacionadas à dose, ao período e à forma de administração, o que abre espaço para a realização de novos estudos para explorar essas variáveis e aprofundar o entendimento sobre o papel dos inibidores de fator XI ativado na anticoagulação.