Raquitismo Hipofosfatêmico Ligado ao Cromossomo X: Abordagens Diagnósticas, Terapias e Centros de Pesquisa - MDHealth - Educação Médica Independente
quinta-feira dez 5, 2024

Raquitismo Hipofosfatêmico Ligado ao Cromossomo X: Abordagens Diagnósticas, Terapias e Centros de Pesquisa

Escrito por: Naira Rosa Rocha em 10 de setembro de 2024

3 min de leitura

O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X é uma doença rara, crônica e debilitante que pode causar deformidades esqueléticas e possui uma incidência global de 4 a 5 a cada 100.000 nascidos vivos do sexo masculino pois em mulheres há somente a transmissão do gene. A doença é causada por mutações no gene PHEX, localizado no cromossomo X. Sua causa está relacionada a alterações genéticas que afetam a regulação do fosfato no organismo, resultando em perda renal desse mineral, níveis elevados de calcitriol, hipercalciúria e nefrolitíase. A condição pode ser recessiva, com efeitos aditivos de dois genes, ou dominante, apresentando expressão variável, sendo considerada um tipo de raquitismo resistente ao tratamento com vitamina D. 

Geralmente, a doença se manifesta na infância, a partir do segundo semestre de vida, com características como raquitismo, baixa estatura, dores ósseas, anomalias dentárias e cranianas, perda auditiva, alterações no metabolismo da vitamina D e deformidades esqueléticas, principalmente nos membros inferiores. Essas deformidades podem se tornar irreversíveis quando o crescimento ósseo é interrompido. Em adultos, os sintomas podem incluir osteomalácia, o que aumenta o risco de fraturas, e fraqueza muscular. 

O diagnóstico da doença é realizado por meio de uma combinação de avaliações. O exame físico é o primeiro passo, seguido por exames moleculares para identificar mutações genéticas específicas. Exames de imagem, como radiografias, são usados para detectar fraturas, arqueamento ósseo e deformidades, como o alargamento das epífises. A análise bioquímica também é crucial e inclui a dosagem de cálcio, fósforo sérico e urinário, o cálculo da excreção renal de fósforo, bem como a medição dos níveis de fosfatase alcalina, paratormônio (PTH) e vitamina D. 

O tratamento do raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X está disponível no SUS, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Raquitismo e Osteomalácia, e inclui suplementação de fósforo e calcitriol, especialmente se não houver resposta ao tratamento com vitamina D e cálcio.  

Em 2019 a Anvisa aprovou a medicação burosumabe para o tratamento de pacientes com raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X, a partir de 1 ano de idade até a fase adulta. O burosumabe promove aumento da reabsorção de fosfato pelos rins e melhora da absorção intestinal de cálcio e fosfato por meio da produção de vitamina D, contribuindo para a redução dos danos causados pela doença. 

Na América Latina, há aproximadamente 10 centros de estudo dedicados ao raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X, localizados na Argentina, Chile, Colômbia e Brasil. No Brasil, os centros participantes são: 

  • Hospital Universitário Alcides Carneiro, em Campina Grande/PB; 
  • Centro de Estudos em Terapias Inovadoras (CETI), em Curitiba/PR; 
  • Instituto de Medicina Avançada (IMA) e Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em São Paulo/SP. 

Em resumo, o raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X é uma doença rara e complexa, caracterizada por deformidades ósseas graves e resistentes ao tratamento com vitamina D. O diagnóstico envolve uma combinação de exames físicos, moleculares e bioquímicos, e o tratamento inclui a suplementação de fósforo e calcitriol, além do burosumabe como nova opção terapêutica. A rede de centros de estudo na América Latina, incluindo o Brasil, se destaca no avanço contínuo da busca por melhores abordagens para gerenciar essa condição debilitante. 

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Referências

  1. Chini LS, Cabral LM, Cavalieri MF, et al. Raquitismo hipofosfatêmico ligado ao X: importância no diagnóstico diferencial no paciente pediátrico com déficit pôndero-estatural de causa desconhecida. Rev Ped SOPERJ. 2022;22(4)154-162. 

  2. Conitec. Relatório para a sociedadeinmformações sobre tratamento de Hiposfosfatemia ligada ao cromossomo x em adultos e crianças   Brasília: Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS; 2021. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2021/Sociedade/20210223_resoc228_burosumabe_hipofosfatemia_final.pdf Acesso em: 10 set 2024. 

  3. Hospital Universitário Alcides Carneiro. HUAC integra estudo internacional sobre raquitismo hipofosfatêmico. Brasília: EBSERH; 2024. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/huac-ufcg/comunicacao/noticias/huac-integra-estudo-internacional-sobre-raquitismo-hipofosfatemico Acesso em: 10 set 2024. 

  4. Nunes AB, Lazaretti-Castro M. Raquitismo hipofosfatêmico: da clínica à genética molecular. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000;44(2):125-132