Estudo transversal envolvendo 8 mil crianças aponta que a exposição pré-natal ao diabetes gestacional está associado a um menor volume de substância cinzenta global o que pode explicar uma maior incidência de obesidade infantil
Contexto:
A obesidade infantil é uma drástica realidade que só vem piorando nas últimas décadas. Somente nos Estados Unidos, aproximadamente 15 milhões de crianças e adolescentes estão vivendo com obesidade, ou seja, 1 a cada 5 jovens são obesos. Entender os fatores de risco associados a esta epidemia é fundamental para seu combate. Um desses fatores já conhecidos de forma robusta pela literatura, é a exposição pré-natal a diabetes gestacional (DMG). Parece até aqui que, com evidência ainda limitada, que existe uma base neuronal para esta associação. A exposição pré-natal ao DMG está associada a alterações cerebrais estruturais: gliose hipotalâmica, diminuição da integridade da substância branca em regiões sensório motoras, baixa excitabilidade cortical e dados conflitantes em relação a espessura do hipocampo.
Estudo:
Um estudo11 transversal envolvendo 8521 crianças, sendo 578 (7%) expostas e 7943 não expostas a DMG, com a média de idade entre 9 e 10 anos se propôs a avaliar a associação entre exposição pré-natal ao DMG, a estrutura cerebral avaliada por ressonância magnética e marcadores de adiposidade (índice de massa corporal e circunferência abdominal).
Resultados e conclusões:
Em toda a amostra do estudo, a exposição pré-natal ao DMG esteve associada a um menor volume de substância cinzenta cortical global e regional no giro frontal médio rostral bilateral e no giro temporal superior. Irmãos expostos ao GDM também demonstraram um volume de substância cinzenta cortical global menor do que os irmãos não expostos. O volume de substância cinzenta cortical global parcialmente mediou as associações entre a exposição pré-natal ao GDM e os marcadores de adiposidade infantil. Estes resultados sugerem que um baixo volume de matéria cinzenta cortical pode explicar o aumento do risco de obesidade para as crianças expostas ao DMG pré-natal.
E agora?
Este trabalho adiciona mais um nível de evidência dos efeitos prejudiciais da exposição pré-natal ao DMG, especialmente em mostrar que alterações estruturais do sistema nervoso central da criança podem estar associadas ao desenvolvimento da obesidade na infância. Estudos futuros devem examinar intervenções potenciais que possam mitigar os efeitos adversos da exposição pré-natal ao DMG no desenvolvimento cerebral das crianças, reduzindo assim o risco de obesidade.”