BPROAD: Novas Evidências para Metas Rigorosas no Controle da Pressão Arterial em Diabéticos Tipo 2 com Alto Risco Cardiovascular - MDHealth - Educação Médica Independente
quarta-feira dez 18, 2024

BPROAD: Novas Evidências para Metas Rigorosas no Controle da Pressão Arterial em Diabéticos Tipo 2 com Alto Risco Cardiovascular

Escrito por: Tawanne Vieira em 21 de novembro de 2024

2 min de leitura

Neste vídeo, Dr. Pedro Barros¹ e Dr. Remo Furtado² comentam sobre a controvérsia das metas ideais de pressão arterial sistólica em pacientes diabéticos de alto risco cardiovascular e trazem os principais tópicos sobre o tema abordado no AHA 2024. Quer saber mais? Acesse e confira na íntegra.  

 

  1. Médico Cardiologista, Senior Trialist do BCRI, Diretor de Ensino e Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy
    2. Médico Cardiologista, Coordenador da Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Med.IQ Academy e Professor Colaborador da Faculdade Diretor de Pesquisa do BCRI

A definição das metas ideais para o controle da pressão arterial sistólica em pacientes com diabetes tipo 2 permanece um desafio na prática clínica, sem um padrão claro estabelecido. Considerando esse cenário, o estudo BPROAD¹, apresentado no Congresso American Heart Association 2024, trouxe novos dados sobre o tema, comparando diferentes metas de pressão arterial em uma população de alto risco.  

Foram inclusos 12.821 participantes com 50 anos ou mais, com diabetes tipo 2, pressão arterial sistólica elevada e risco aumentado de doença cardiovascular. Os participantes foram randomizados em dois grupos: controle intensivo (pressão arterial sistólica inferior a 120 mmHg) versus tratamento padrão (pressão arterial sistólica inferior a 140 mmHg), e o desfecho primário composto incluiu acidente vascular cerebral não fatal, infarto do miocárdio não fatal, tratamento ou hospitalização por insuficiência cardíaca ou morte por causas cardiovasculares. Após acompanhamento médio de 4,2 anos, os desfechos primários foram registrados em 393 participantes no grupo de tratamento intensivo (1,65% ao ano), em comparação com 492 participantes do grupo de tratamento padrão (2,09% ao ano), o que representa redução de 21% do risco (P<0.001).  Apesar dos resultados promissores, os especialistas destacam limitações importantes do estudo, como a baixa diversidade populacional, o que ressalta a necessidade de validação em contextos mais amplos. Estudos em andamento no Brasil, por exemplo, podem fornecer dados adicionais para populações mais heterogêneas. 

De qualquer forma, esses resultados reforçam uma tendência já apontada pela diretriz europeia de manejo da hipertensão², que recomenda uma meta de pressão sistólica < 130 mmHg para pacientes com diabetes e que podem ser mais agressivas no futuro desde que bem toleradas. Por isso, a individualização do tratamento é um fator essencial, especialmente em pacientes com maior risco de desautonomia ou outros fatores limitantes.  

O BPROAD representa um marco importante e deve estimular novas análises e discussões, possivelmente moldando futuras diretrizes globais para o manejo da hipertensão em pacientes diabéticos. Apesar das lacunas ainda existentes, o estudo traz uma mensagem central clara: metas mais rigorosas de controle da pressão arterial podem oferecer benefícios cardiovasculares significativos, quando aplicadas de maneira criteriosa e personalizada. 

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Referências

  1. Bi, Y. et. al. Intensive Blood-Pressure Control in Patients with Type 2 Diabetes, 2024. New England Journal of Medicine (N Engl J Med). Published November 16, 2024. DOI: 10.1056/NEJMoa2412006. Acesso em: Intensive Blood-Pressure Control in Patients with Type 2 Diabetes | New England Journal of Medicine 

  2. McEvoy, John William et al. “2024 ESC Guidelines for the management of elevated blood pressure and hypertension.” European heart journal vol. 45,38 (2024): 3912-4018. doi:10.1093/eurheartj/ehae178