Neurofibromatose consiste em uma doença genética rara que afeta principalmente a pele e o sistema neurológico, e é caracterizada pelo crescimento de tumores não-cancerígenos (benignos) ao longo dos nervos em qualquer parte do corpo.
Pode ser classificada em três tipos, seus sintomas são bastante variáveis e dependem, principalmente, do tipo de alteração genética envolvida.
- Neurofibromatose tipo 1: tipo mais comum da doença, é causada por variantes patogênicas no gene NF1, localizado no cromossomo 17. Esse gene codifica uma proteína supressora tumoral e alterações nessa proteína podem levar à proliferação celular desordenada. Os primeiros sintomas surgem na infância, como manchas “café com leite” na pele e nódulos de Lisch na íris, que não afetam a visão. Na maioria dos casos, adultos desenvolvem neurofibromas que são tumores benignos que podem se localizar na pele ou em nervos próximos à medula espinhal e, embora a maioria das pessoas com neurofibromatose tipo 1 tenha inteligência normal, é comum que enfrentem dificuldades de aprendizagem e transtornos do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).
- Neurofibromatose tipo 2: é causada por variantes patogênicas no gene NF2, localizado no cromossomo 22. Esse gene codifica uma proteína que atua como supressor tumoral, especialmente nas células de Schwann, que envolvem os nervos. É menos comum que a neurofibromatose tipo 1 e os tumores se localizam mais frequentemente no ouvido interno e no cérebro, como schwannomas vestibulares (também chamados neuromas acústicos), principalmente em áreas relacionadas à audição, zumbido e problemas de equilíbrio.
- Neurofibromatose tipo 3: também chamada de schwannomatose, é causada por variantes patogênicas no gene SMARCB1 (também conhecido como INI1), localizado no cromossomo 22. Esse gene atua como supressor tumoral. É o menos frequente dos três tipos e se caracteriza pelo crescimento de schwannomas, que são tumores que se desenvolvem nos nervos periféricos ao longo do corpo. Causa muita dor, dormência, formigamento e fraqueza devido a compressão do nervo ou da medula.
No Brasil, estima-se que uma em cada cinco mil pessoas seja afetada pela doença. O diagnóstico é realizado a partir da observação clínica dos sinais e sintomas, além da análise do histórico familiar. A confirmação do diagnóstico é feita por meio de análises genético-moleculares, como sequenciamento de gene único, painéis genéticos, exoma ou genoma, além da identificação de variantes patogênicas nos genes NF1, NF2 ou SMARCB1.
Atualmente não há tratamento específico para a neurofibromatose, no entanto o diagnóstico permite um controle das complicações que possam surgir. Normalmente são necessários procedimentos cirúrgicos para remoção dos nódulos que apresentam crescimento rápido ou para tratar lesões inestéticas.